Em nosso país os tumores de boca estão entre os tumores mais operados pelo cirurgião de cabeça e pescoço. O surgimento do câncer de boca está intimamente ligado ao tabagismo e ao alcoolismo, e mais ainda, à associação desses dois hábitos.
Outras causas que também podem estar relacionadas à doença são aquelas que provocam traumatismos ou ferimentos repetidos sobre a mucosa oral, tais como próteses dentárias mal adaptadas, dentes quebrados e alterações de oclusão dentária causando machucados.
O câncer de boca pode aparecer nos lábios, em qualquer face da língua, no soalho da boca, nas gengivas, nas bochechas, no céu da boca ou atrás dos dentes do fundo. Os sintomas de um câncer de boca variam com sua localização. Entre os mais comuns, podemos destacar:
Os cânceres de boca podem atingir os linfonodos (gânglios) debaixo da mandíbula e do pescoço. Portanto, eventualmente o primeiro sintoma pode ser um gânglio aumentado e/ou doloroso.
O diagnóstico é feito com biópsias da região acometida. O tratamento desses cânceres costuma ser cirúrgico, com a remoção completa da lesão junto com uma margem de segurança de tecido saudável ao redor, para diminuir recorrências. Na maioria das vezes isso é feito em conjunto com a retirada das cadeias de linfonodos do pescoço, sob anestesia geral. Muitas vezes é necessário incluir na ressecção partes da musculatura da língua e do soalho da boca e partes dos ossos da mandíbula e do maxilar, de modo que a técnica cirúrgica é arquitetada sob medida para cada caso e varia muito em função da localização do tumor. Para este planejamento, seu cirurgião, além de fazer um exame físico detalhado, pedirá exames pré-operatórios de estadiamento.
A laringe é uma estrutura complexa formada por um arcabouço de cartilagens móveis entre si, sobre as quais estão ancorados ligamentos e músculos delicados e de funções muito específicas, ricamente inervados e revestidos por uma cobertura de mucosa especializada. Nela encontramos a região da glote, que é o plano em que estão as cordas vocais.
As funções da laringe são proteger a via aérea (o trajeto do ar que entra pela traqueia em nossos pulmões), participar da deglutição, permitindo que ela seja coordenada e segura, e produzir a nossa voz.
Assim como ocorre na boca, esse órgão está propenso ao desenvolvimento de câncer por estar diretamente exposto a fatores agressivos externos. O principal fator de risco para o surgimento desses tumores é o tabagismo, associado ou não ao alcoolismo. Subtipos do HPV (vírus do papiloma humano), conhecido por afetar órgãos reprodutores, podem produzir tumores na laringe também.
Sintomas de acometimento da laringe, sobretudo das cordas vocais, incluem:
Gânglios cervicais aumentados também podem ser o primeiro achado de um tumor oculto. Tumores que crescem nessa região podem causar obstrução da passagem do ar muito cedo, a mais grave das complicações iniciais da doença. Em alguns casos, é necessária a traqueostomia como medida urgente para se manter o fluxo de ar.
A laringoscopia – com espelho, lentes telescópicas ou fibroscópio flexível – é fundamental para o diagnóstico e avaliação das lesões de laringe e da mobilidade das pregas (cordas) vocais. Quando um câncer de laringe é diagnosticado, outros exames de imagem são necessários para o estadiamento (a definição do estágio em que está a doença).
Uma vez definidos o local e a extensão do tumor, duas frentes de tratamento são possíveis: radioterapia associada ou não a quimioterapia, quando as funções da laringe estão intactas e são passíveis de continuarem plenas após o tratamento, e cirurgia. Muitas vezes a retirada completa da lesão com margem de segurança é o tratamento de escolha. Para tanto, pode ser possível a laringectomia parcial (retirada de parte da laringe, inclusive por cirurgia endoscópica e microcirurgia), ou será necessário laringectomia total, que é a retirada cirúrgica de toda a caixa da voz. Invariavelmente algum tipo de reabilitação com auxílio de fonoaudiologia é necessário após uma operação da laringe.
Ao se indicar um tratamento não cirúrgico com base no resultado funcional e na preservação de função deste órgão tão importante, deve-se considerar fortemente se o resultado oncológico em termos de cura e sobrevida não acabará comprometido. São cada vez mais comuns, hoje em dia, as laringectomias chamadas “de resgate”, que são indicadas para recidivas ou persistência de cânceres após um tratamento clínico inicial. Pacientes com esse tipo de problema devem ser amplamente informados sobre as opções terapêuticas e seus resultados. Suas escolhas e decisões devem ser sempre levadas em consideração e respeitadas.
A faringe está no meio do caminho entre a cavidade oral e a laringe, portanto, está envolvida também na deglutição, respiração e fala, e vive exposta aos mesmos fatores agressivos ambientais. Tabagismo, etilismo e vírus HPV também estão fortemente envolvidos na gênese dos tumores dessa região.
Anatomicamente, ela se divide em nasofaringe, que está no alto e atrás da cavidade nasal, orofaringe e laringofaringe.
Na orofaringe estão principalmente o palato mole, a base da língua e as amígdalas. Na laringofaringe estão os recessos piriformes e a entrada ao esôfago. Como seria esperado, as particularidades e o tratamento dos tumores da orofaringe são análogos àqueles que já descrevemos para a cavidade oral, ao passo que na laringofaringe a investigação e os tratamentos se assemelham, grosso modo, aos dos tumores da laringe.
Em geral, entre os principais sintomas e sinais do câncer de faringe estão:
O diagnóstico exige biópsia da lesão, mas é comum que o surgimento de uma metástase ganglionar cervical seja o primeiro sinal de um tumor oculto dessa região. Deve-se dar ênfase ao estudo de faringo-laringoscopia nessas situações e eventualmente a retirada das amígdalas para diagnóstico é necessária.
O tratamento é realizado de acordo com a posição e o estágio do tumor. Pode ser indicada a cirurgia e/ou uma combinação de quimioterapia e radioterapia.