Tireoidectomia significa a retirada cirúrgica da glândula tireoide. Esta é a operação mais frequente na prática do médico especialista em cirurgia de cabeça e pescoço. Na tireoidectomia parcial apenas um dos lados da tireoide é removido, e na tireoidectomia total retira-se a glândula por completo. A istmectomia, que é a retirada da porção do meio da glândula em frente à traqueia, é um tipo de tireoidectomia parcial e pode ser indicada em situações específicas.
Cirurgias sobre a tireoide são geralmente indicadas na suspeita ou confirmação de câncer dessa glândula. Outras situações que requerem cirurgia podem ser:
A cirurgia de tireoide é realizada sob anestesia geral e requer um jejum de 8 horas antes da hora marcada. A internação é feita no mesmo dia do procedimento. O cirurgião avaliará os riscos de se manter ou suspender certas medicações que o paciente estiver usando. Alguns medicamentos de uso habitual precisam ser suspensos, sobretudo os anticoagulantes e antiagregantes plaquetários, tais como Aspirina, AAS e seus derivados, por interferirem na coagulação do sangue.
A tireoidectomia, como várias outras cirurgias do pescoço, é delicada, mas não costuma ser complicada. É comum que o paciente receba alta no dia seguinte à cirurgia, mas deve-se tomar uma série de precauções nos dias que seguem a alta hospitalar.
É indicado um repouso de 1 a 2 semanas, quando são permitidas caminhadas e atividades leves. Já os esforços físicos, carregamento de peso e dirigir são atividades contra-indicadas no pós operatório.
A dor pós-operatória no pescoço tende a ser leve e muito bem controlada com analgésicos comuns. A dor decorre da secção e manipulação de tecidos e também da presença da cânula de intubação no interior da laringe e da traqueia. Portanto, uma dor de garganta pode incomodar principalmente no primeiro dia, mas melhora progressivamente.
Não há restrição específica na alimentação. O paciente operado pode comer e beber assim que estiver bem acordado da anestesia. No primeiro dia uma dieta leve e com alimentos mais macios tem boa aceitação.
Nenhum outro órgão supre a função da tireoide quando ela é removida, portanto toda tireoidectomia total requer reposição oral do hormônio levotiroxina. Tal reposição pode ser eventualmente necessária também após uma tireoidectomia parcial, para que o metabolismo se mantenha normal. A quantidade de hormônio é prescrita sob medida para cada paciente e ajustada através de avaliações clínicas e exames de sangue.
Complicações após as tireoidectomias são incomuns. Sangramentos e infecções são muito raros. Podem ocorrer alterações na voz e deglutição, leves e transitórias e que, em geral, decorrem de alterações na dinâmica da laringe pela manipulação cirúrgica e formação de tecido cicatricial na região operada, que é mais rígido e menos elástico que o tecido original. Raramente as alterações de voz são permanentes ou incapacitantes. Seu cirurgião conversará com você sobre os nervos laríngeos superior e inferior, que estão junto da tireoide e, portanto, fazem parte da região que será operada. Qualquer disfunção desses nervos pode levar a alterações na voz e na deglutição, mas felizmente isso não é muito comum e há medidas de técnica operatória para minimizar o risco.
Vizinhas à tireoide estão também as glândulas paratireoides, responsáveis por secretar um hormônio chamado paratormônio, o PTH. Normalmente há 4 dessas glândulas que, na medida do possível, são preservadas nesse tipo de cirurgia. Mas a simples manipulação pode levar a uma queda de função, o hipoparatireoidismo, gerando a necessidade de reposição de cálcio e eventualmente vitamina D no pós-operatório. Apenas 2% dos pacientes tem uma perda de função permanente a ponto de precisarem da medicação para sempre. Os níveis de cálcio e PTH podem ser checados com exames de sangue simples e muito raramente a queda nas dosagens é grave o bastante para causar sintomas ou mesmo tornar-se uma emergência médica. Seu cirurgião conversará com você sobre eventuais sintomas e sinais de alerta.