As glândulas salivares são glândulas exócrinas que fazem parte do sistema digestivo. Elas participam do início do processo de digestão dos alimentos ainda dentro da boca. São órgãos compostos por uma complexa rede de células de diferentes origens e das mais variadas funções, que se combinam numa estrutura engenhosa de produção, armazenamento e eliminação de saliva. Podem, assim, abrigar uma série de doenças obstrutivas, como cálculos e estreitamentos; doenças inflamatórias e infecciosas e neoplasias benignas e malignas.
Existem as glândulas salivares menores e as maiores. Todas elas são mais ou menos parecidas estruturalmente. As glândulas menores são estruturas minúsculas distribuídas ao longo da cobertura da face interna do lábio, bochechas, palatos (o céu da boca), soalho da boca e faringe. As glândulas salivares maiores são compostas por um par de glândulas parótidas, um par de glândulas submandibulares e um de sublinguais. Todas elas podem abrigar tumores benignos, malignos ou lesões benignas que podem se degenerar para malignidade com o tempo. Portanto, é comum a indicação de cirurgia quando esses órgãos estão doentes.
As biópsias de glândulas salivares menores da cavidade oral podem ser indicadas na suspeita diagnóstica de síndrome de Sjogren, uma doença do tecido conjuntivo que acomete todo o tecido salivar, entre outros problemas.
A cirurgia sobre as glândulas salivares maiores é necessária quando há tumores, inflamações recorrentes e obstruções com acúmulo de saliva ou, mais raramente, quando há algum vazamento e depósito de saliva decorrente de certos traumatismos. Cirurgias sobre as glândulas parótidas são as mais frequentes, sobretudo para tumores que são benignos. A ressecção nesses casos pode ser parcial ou completa e, seja qual for a razão da cirurgia, o foco do cirurgião recai sobre o nervo facial, que atravessa a parótida toda para promover a movimentação de todos os músculos da face. Esse nervo deve ser preservado ao máximo nesse tipo de cirurgia. Na cirurgia das glândulas submandibulares, encontramos na mesma região o ramo do nervo facial que movimenta os lábios e o nervo lingual, que dá sensibilidade à língua. Este último também é um elemento importante a ser preservado quando se remove a glândula sublingual, a menor dos 3 pares.
Em casos específicos, pode-se sacar cálculos de dentro dos ductos que secretam a saliva sem que seja necessário remover uma glândula toda. Por outro lado, a glândula parótida, em particular, abriga linfonodos (gânglios linfáticos) e sua remoção pode ser eventualmente indicada como parte de um esvaziamento ganglionar para tratamento de cânceres da face ou do couro cabeludo sem relação com o tecido salivar em si.
Seu cirurgião pode lançar mão de um ou mais exames diagnósticos e pré-operatórios, tais como:
Salvo nas biópsias, é necessário jejum de 8 horas e anestesia geral. Seu cirurgião avaliará a necessidade de interromper o uso de certos medicamentos, como o AAS.
Normalmente a internação ocorre no mesmo dia da cirurgia, mas a programação de alta pode variar.
O pós-operatório da cirurgia de glândulas salivares dependerá muito da extensão do procedimento e da glândula operada. Recomenda-se alguns dias de repouso após a cirurgia. A dor pós-operatória costuma ser leve e manejada com analgésicos simples, e raramente é necessário prescrever antibióticos.
A complicação mais importante da cirurgia sobre a parótida e a submandibular é a paralisia de uma ou mais das ramificações do nervo facial. Felizmente ela é pouco comum e tende a ser transitória.
Outras complicações inerentes à ressecção de tecido salivar são as fístulas (vazamentos) salivares e uma síndrome de sudorese gustatória (quando a reorganização das fibras nervosas locais faz com que haja produção de suor no rosto durante a refeição!). Essas eventuais complicações tem tratamento e normalmente respondem com ótimos resultados.
No pós-operatório da cirurgia de parótida pode ocorrer uma certa dormência ou anestesia na orelha. Ela é secundária à disfunção de um nervo sensitivo chamado Auricular Magno, localizado logo abaixo do trajeto da incisão que usamos para acessar a parótida, diante da orelha e ao redor da parte de trás da mandíbula.