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André Potenza Cirurgião de cabeça e pescoço

Traqueostomia

23/08/2021
|
3 min.
Atualizado em 24/01/2024
Dr. André Potenza
Dr. André Potenza
CRM: 104.267
RQE: 86373
Dr. André Potenza
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Médico graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em 2001. Título de Especialista em Cirurgia de Cabeça e Pescoço em 2006 e membro efetivo da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço.
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A traqueostomia é uma cirurgia realizada para proporcionar um caminho alternativo para a entrada de ar nos pulmões do paciente, principalmente quando existe uma obstrução da via aérea natural. Ela pode ser feita sob anestesia geral ou local, o que dependerá muito das condições clínicas do paciente e de fatores técnicos inerentes à indicação do procedimento.

Como funciona o procedimento?

A técnica da traqueostomia consiste em se fazer uma incisão na pele da frente do pescoço, uma dissecção dos tecidos em frente à traqueia e, por fim, uma abertura na traqueia para a introdução de uma cânula. A cânula traqueal é um tubo rígido que passa a permear a passagem de ar, criando um curto-circuito, ou um atalho, entre o interior das vias aéreas e o ambiente externo. Desse modo, a entrada e saída de ar ficam garantidas e o ar respirado deixa de circular pelo nariz, boca e garganta.

Traqueostomia | Dr. André Potenza

Quando a traqueostomia é indicada?

A traqueostomia pode ser indicada em casos em que o paciente:

  • apresenta obstrução das vias respiratórias altas, devido a traumatismos, tumores de boca, faringe ou laringe ou paralisia das cordas vocais;
  • necessita proteção das vias aéreas contra possíveis obstruções previsíveis, sobretudo após cirurgias extensas de cabeça e pescoço e alguns tipos de radioterapia;
  • apresenta infecções como epiglotites e laringites agudas graves;
  • possui anomalias congênitas com obstrução da laringe ou porção mais alta da traqueia;
  • tem distúrbio grave de deglutição, quando ocorre aspiração frequente de saliva e alimentos “descendo pelo tubo errado”;
  • sofre lesões traumáticas maxilofaciais graves, fraturas ou transecções da laringe ou da traqueia, ou mesmo hemorragias cervicais severas;
  • sofre destruição e edema da faringe e da laringe por queimaduras térmicas ou ingestão de substâncias cáusticas e queimaduras químicas;
  • tem previsão de permanecer por tempo prolongado sob intubação orotraqueal e sob ventilação mecânica – nestes casos a necessidade da traqueostomia se impõe pelo risco de estenose (estreitamento) da traqueia por pressão do balão contra a parede da traqueia, além de facilitar a fisioterapia respiratória e a remoção de secreções por aspiração.

Cuidados pós-operatórios

O paciente traqueostomizado receberá todas as orientações sobre os cuidados com a região da traqueostomia e com a cânula e as instruções para seu manejo. É perfeitamente viável receber alta para casa com uma traqueostomia, mas é muito importante que o paciente e seus familiares ou cuidadores tenham compreendido todas as instruções e sejam capazes de manejar a traqueostomia e estejam confortáveis para isso.

A higienização da cânula deve ser rigorosa para que ela fique livre das secreções que se acumulam naturalmente, de modo a evitar infecções e entupimentos. Normalmente as cânulas usadas no ambiente domiciliar possuem uma peça chamada intermediário, ou cânula interna, que pode ser removida para lavagem e recolocadas logo após. O paciente será devidamente instruído sobre a frequência dessa lavagem.

É importante que as mãos estejam sempre lavadas com água e sabão e higienizadas com álcool em gel toda vez que a traqueostomia for manipulada. O uso de luvas descartáveis é recomendado também. Nos primeiros dias, existe uma ferida operatória que cicatriza rapidamente, mas que também exige cuidados. Curativos devem ser mantidos secos e trocados em intervalos certos e sempre que necessário. Com o tempo, um orifício e um túnel muito bem delineados se formam entre a pele a a traqueia.

Como o ar deixa de ser respirado e eliminado pela boca e pelo nariz, quem tem traqueostomia fica com dificuldade para sentir cheiros e articular a voz e a fala. Para isso, pode-se ocluir a cânula eventualmente ou usar válvulas unidirecionais acopladas a certos modelos de cânula. O paciente e todos os envolvidos em seu cuidado devem ter em mente o risco de imersão do pescoço (como em banheira, piscina, água do mar, etc.), uma vez que essa nova passagem de ar também transpõe as barreiras naturais à entrada de líquidos. Todos devem receber também as orientações sobre o que fazer em caso de emergência, e quando telefonar ou procurar o pronto-socorro.

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